Outra característica do projeto é que o seu e o nosso desenvolvimento sejam orgânicos, ou seja, estaremos abertos para que conforme utilizarmos a ferramenta, iremos ao mesmo tempo seguir construindo e desenvolvendo essaa ferramenta, a Intervila, nos nossos tempos e no tempo do projeto que, como tudo, contempla uma série infinita de elementos. Por exemplo, com uma planta: não funciona bem se puxarmos seus galhos ou pétalas para que ela aumente de tamanho, cresça rapidamente. O melhor que podemos fazer é cuidar de regar essa planta, colocar no sol, cuidar do solo e assim por diante. Se a regamos de mais ou colocamos de mais no sol, também não funcionará muito bem. Acreditamos e procuraremos observar o desenvolvimento que estamos chamando de orgânico. 

Acreditamos que precisamos ser seres humanos mais integrais. Experimentamos ser especialistas nas últimas décadas, como também um desenho de vida bastante mais complexo que em todos outros tempos da nossa história, enquanto humanidade. O resultado deste experimento, dentre tantos muito positivos, é que hoje não só não sabemos sobre o assunto de muitas áreas das nossas vidas mas não sabemos o que estamos fazendo em muitas das áreas das nossas vidas. Não sei construir, não sei plantar alimentos, não sei como e com o que venho patrocinando as minhas construções e produção dos meus alimentos. Minhas construções, particulares e públicas, são construídas com que tipo de materiais que são feitos como, às custas de que e quem? Idem para agricultura, saúde, segurança pública, administração de nossas comunidades e assim por diante. Se eu realmente não parar para pensar, não sei que tem sido eu que estou sujando os rios da minha região. Por exemplo o ex rios Tietê e Pinheiros onde meus avós nadavam. Diziam que o leito do rio era uma lama só. Minha tia treinava salto no rio. Quem sujou estes rios se não nós mesmos? E não fomos até a margem do rio com baldes de esgoto com intenção de sujá-lo. Não. Simplesmente vivendo nossas vidas, cuidando de nossas famílias, dos nossos trabalhos, finais de semanas, delegando aspectos fundamentais de nossas vidas a outras pessoas é que estamos destruindo o nosos meio ambiente, comunidade (drogas, remédios como nunca antes..), talvez, o próprio significado de nossas vidas. 
Acreditamos que se formos seres humanos mais integrais, mais responsáveis pela totalidade dos aspectos de nossas próprias vidas, como para onde vão os meus resíduos quando coloco para fora da porta da minha casa ou antes de eu colocar para fora da porta da minha casa, idem para minha água, alimentos, etc, podemos dessa forma seguir exercendo nossas especialidades mas de forma mais respeitosa, coerente, inteligente, em paz e, principalmente, feliz de verdade.


Acreditamos que nos dias de hoje, com as tecnologias que temos em mãos, fazer algo que seja realmente bom mas para apenas um número limitado de pessoas e em um espaço limitado, seria desrespeitar outras pessoas em todo o mundo que poderiam se beneficiar com a sua experiência, aprendizados, exemplo, criatividade e assim por diante. Da mesma forma o seu tempo estaria, então, sendo mal aproveitado. Acreditamos que hoje precisamos compartilhar nossas idéias e soluções que, da mesma forma, no sentido contrário significa ser imensamente beneficiado. Não precisamos mencionar o quadro que vivemos neste momento da nossa história enquanto humanidade e o quanto este e os demais princípios, além de serem atuais, são tremendamente necessários. Não dá mais para ser diferente. Olhe pela janela.  


É claro que valorizamos o aprendizando intelectual e uma forma de aprendizado sempre será de imenso valor e apoio às outras formas de aprendizados. Mas iremos sempre valorizar bastante o aprendizado experiencial.  Por vezes podemos saber por meio de informações, leituras, falas de amigos e especialistas que devemos ou não devemos ter certas atitudes. Por exemplo, limpar os recipientes que iremos reciclar, não tomar banho de chuveiro quente por muito tempo para não precisarmos de mais hidrelétricas e então desflorestamentos, não comer açucar branco, etc. Mas o quão fácil ou natural é mudarmos os nossos condicionamentos com estas informações? Daí me lembro quando passei uma manhã em uma cooperativa que separava o lixo a ser reciclado. Nunca mais consegui não lavar um recipiente a ser reciclado. E não foi preciso esforço algum para essa mudança, foi natural e agradeço até hoje esta experiência no galpão de reciclagem, com as pessoas que seguem fazendo este trabalho até hoje e com amigos que como eu, espero, tenham melhorado suas formas de viver neste quisito. O contato com os nossos rios, montanhas, matas, animais, com nossas comunidades, com os processos de coleta e purificação da água que bebemos, plantio dos nossos alimentos, cuidados com os nosso resíduos líquidos e sólidos, pensamos ser de realmente grande importância e positivo impacto no nosso viver.


Sim, iremos olhar para a nossa presente situação, com seus pontos positivos e negativos. Mas apenas constataremos os problemas, inclusive os nossos próprios, muito importante, e então focaremos nas soluções.